4.12.06

A jurisprudência do provedor - Pr. II

Foi de grande arrelia,
A discussão entre a Gueixa e o Raimundo.
E até nem me vai dar azia,
Perorar sobre este assunto.
Agora que também já contribui para a elevação cultural deste blog com uma pequena trova da minha autoria, vamos lá tratar de assuntos menos sérios.

Já não assistia a uma disputa tão interessante desde aquele dia de chuva em que tive oportunidade de ir ao Estádio Dr. Alexandrino de Subribas ver a partida entre o Futebol Clube da Moita do Boi e a Associação Desportiva de Fornotelheiro, a contar para o Campeonato Distrital de Terras do Bouro.

Naquele que foi o post mais comentado até hoje, contabilizei (ao longo de uma noite inteira, à luz de um Petromax quase sem gás) um total 697 palavras. Contas por alto, a Gueixa incitou, irresponsavelmente, MM a deixar fluir a sua veia artística em 102 palavras, enquanto que Raimundo, mais verborreico, defendeu, insolentemente, a edição de imagens do “belo sexo” em 551. Pelo meio, X-girl (nem vou querer saber porque é que deixou de ser rapariga, se é fã dos X-Men ou se se identifica com um X-acto...) balbuciou 44 palavras em defesa das posições de Gueixa. (Não vale a pena contarem os caracteres de cada um para ver se a soma está certa, porque eu não vou querer saber!)

O mais interessante é que para chegarmos aqui, MM limitou-se a escrever 13 palavras e a citar e a copiar 86! Se isto era um engodo para alimentar uma polémica entre os leitores, não podia ter corrido melhor.

Mas voltemos aos nossos contendores, a precisar de pimenta na língua. Se analisarmos bem a linguagem dos comentários, para se equipararem a tasqueiros de botequim, só lhes faltou acusarem-se mutuamente de “serem incapazes de desenvolver pensamento abstracto”, ou de “advogarem preferências estéticas ao nível dos mais baixos estratos sociais”. Alguma contenção será necessário em intervenções futuras, ainda que as observações de ambos não deixem de ser pertinentes.

É obvio que ninguém quer que a MM solte a artista que há nela, a não ser que queria partilhar com todo o mundo as suas experiências de criação sexual, tal como referi na minha primeira intervenção. E, mesmo nesse aspecto, tenho dúvidas do interesse de tal tema.

Daí que proponha uma complementaridade entre as ideias de Gueixa e Raimundo: poderíamos ter um poema de Friedrich Hoderlin escrito com chantilly em barrigas desnudadas de modelos femininos; umas costas sensuais onde se reproduziria "O Grito" de Edvard Munch ou umas longas pernas (bem depiladas) onde se colariam pedaços de um conto, pós-moderno, com o mínimo de linearidade possível na ordem do tempo da narrativa. Como é preciso agradar a todo o público, porque não um homem – vestido – a empunhar uma cartolina com um poema acróstico da autoria desse incomparável autor, que é o Zé Albano de Vales do Rio? Ou uma mega produção em fotonovela, inspirada na peça “O Inferno”, de August Strindberg, mas com actrizes da indústria pornográfica.

É a minha sugestão. E, como sabem, o meu objectivo é apenas que este blog tenha mais audiência que a mira técnica da RTP 2, às cinco da madrugada de sábado.

Não voltem é a discutir o que estimula, ou não, as hormonas, sabendo-se que hormonas há muitas e estimulações também!

Afinal de contas, o Friëdërisch Friztënschwärzköpfiéöprätödödiäsëfächävöräldën, estimula-se mais com a desordenada capilar da empregada que com a suposta noiva, peitoralmente muito mais estimulante. Gostos estanhos há muitos e vocês – Gueixa e Raimundo – deviam reflectir sobre se se conhecem verdadeiramente!

E peço desculpa porque me atrasar,

Na redacção do meu comentário,

Mas a Cabala com o seu argumentário

Contra mim fez entrar, uma providência cautelar

Despeço-me com amizade,
Arquitecto Provedor, Dr. Interaccionista Simbólico

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