Apesar deste blog já ter sido acusado de falta de originalidade, por alguém que posta letras de canções, confesso que tenho saudades da Liberdade, de Fernando Pessoa. E como o blog é meu (qualquer semelhança com "esta barriga é minha, quem manda aqui sou eu" é pura coincidência, sobretudo, numa altura em que se adensa a discussão em torno do referendo sobre o aborto) fica esse cheirinho de desmazelo pelas obrigações que, por enquanto, anda longe, lá no horizonte distante:
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
4 comentários:
A liberdade construímo-la dentro de nós!!!-que remédio- Nem evocando o 25 de Abril de 74 podemos concluir que há liberdade. Pagamos o chão que pisamos; pagamos o que comemos e bebemos e, no fim, pagamos a terra onde somos enterrados!!o cheiro da liberdade andará longe??
Parabéns pela poesia de Pessoa...sabe sempre bem:)
Ainda bem que és coerente e continuas a publicar no teu blog aquilo de que gostas, mesmo que te limites a copiar o que outros escreveram. E que belo exemplar escolheste!!!
Ah Ah Ah
Essa foi para mim?... foi não foi? Isso... bate no pobre do desempregado! Toda a gente lhe bate. Junta-te à festa da porrada!
Porra... deves andar mesmo muito ocupada!
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