28.3.07

As efemérides

As efemérides teimam em ser assinaladas. Pese embora o significado das datas que, para alguns representam vitória e conquistas, estas efemérides por vezes parecem roçar o desnecessário, mas basta um olhar à volta para percebermos que talvez estas datas possam ainda representar para alguns um avanço.
A propósito do Dia Mundial do Teatro multiplicaram-se as iniciativas por todas as cidades. Mas, por razões afectivas, apetece-me centrar num evento em particular. O Cine-Teatro de Estarreja recebeu a peça Os Camones, da recém-criada Companhia de Teatro de Estarreja. Um projecto que nasce de um workshop de teatro e de repente evolui para uma companhia de teatro. Um grupo de jovens levou à cena uma rábula que em palco colocou lado-a-lado o Portugal de Camões e o Portugal dos novos Camones. Uma primeira peça que por ser primeira ainda tem algumas arestas a limar, mas que merece desde já o aplauso de quem aprecia o espírito de iniciativa, de vontade e de empenho num projecto novo, características raras hoje em dia. O Dia Mundial do Teatro é assim assinalado com a criação de uma nova companhia, ficando Estarreja mais rica e o país também.
Para assistir a esta primeira peça da Companhia de Teatro de Estarreja a sala estava cheia. Pais, mães, avós, tios, primos ou amigos encheram o espaço para ver teatro. Para muitos aquela seria a primeira vez que entravam numa sala de espectáculos, que viam uma peça de teatro. Uma feliz conquista no Dia Mundial do Teatro. Mas também são estes exemplos de mobilização em torno de uma primeira peça que lança a questão: Porque é que as salas de teatro nem sempre estão cheias? Porque é que não gostamos de ver teatro? Porque é que ir ao teatro não atrai as gerações mais novas, que preferem correr atrás de modas ou de imposições? E o preço já não é desculpa, porque os teatros desdobram-se em descontos para mais jovens...

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