1.11.06

O tulicreme e os gelados de gelo

Foi um amigo que me atirou para as recordações da minha meninice, quando um destes dias resolveu lembrar-se de um dos produtos que fez as delícias de uma geração inteira: o tulicreme. Havia, pelo menos, de chocolate ou de avelã, mas eu preferia, de longe, o de chocolate. Nem sequer esperava pelo pão e preferia comer directamente da caixa.

Ao falar do tulicreme, que não tinha versão light, vieram à conversa histórias de vida. Uma pessoa querida conta, recorrentemente que, na sua casa, os pais compravam uma caixa de tulicreme para cada filho. A caixa tinha de durar o máximo de tempo possível, só quando todos terminassem as suas respectivas caixas é que os pais compravam mais. Mas o que acontecia quase sempre era que se criava uma espécie de concorrência cruel. A irmã mais nova, fruto da gulosice, terminava sempre primeiro a caixa que lhe tinha sido atribuída, ficando depois durante dias a babar-se, esperando que os irmãos devorassem as suas embalagens, pois só assim haveria mais tulicreme.

A marca é indiferente, mas os sabores ficam. Ao falar no tulicreme quase todos se lembram do sabor que tinha, de como o comiam ou devoravam. O mesmo acontece com aqueles chocolates embrulhados em papel brilhante, que tinham uns carros ou umas bolas impressas. Ou mesmo as bombocas, com que todos os anos, no Natal, a minha avó Malhinda me presenteava. E ainda os gelados de gelo de laranja ou morango que custavam poucos tostões.

As lembranças de cada um são feitas destas pequenas delícias, que à distância de alguns anos continuam a ser familiares. Falta saber se os sabores de agora vão permanecer nas lembranças futuras? É que pelo menos o sabor das bombocas já não é o que era.

Aguardo mais histórias do tulicreme.

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