2.11.06

Pinocos - A atracção fatal!

A moda generalizou-se em quase todas as cidades do país, que lutam, desenfreadamente, contra os automobilistas que insistem em estacionar em lugares proibidos. Mas desenganem-se os que pensavam que iria fazer uma dissertação sobre esse desvio comportamental, alimentado pela ânsia de levar o carro para dentro de qualquer estabelecimento. Até porque esse é apenas um reflexo da sociedade acelerada em que vivemos. A culpa não é do indivíduo, mas sim do colectivo.

Prefiro voltar à cruzada encetada pela maioria das cidades, que impregnaram algumas ruas, devolvidas ao peão (que merece, embora esteja em vias de extinção) com uns já habituais objectos, que eu apelido de "pinocos". De certo que as ditas peças arquitectónicas têm um nome técnico, que me escapa. Os ditos "pinocos" são dos mais variados feitios e cores, agradando a gregos e a troianos, desagradando aos automobilistas que não podem continuar a seguir a velha regra: O fruto proibido é o mais apetecido. Para ser mais precisa não devem seguir a velha regra até porque um singelo pinoco daqueles pode causar alguns estragos em qualquer viatura. Mas ainda assim há os chamados indíviduos, injustamente, rotulados como chicos espertos (não se esqueçam que eles são fruto do colectivo) que estacionam e para surpresa de todos conseguem tirar o carro sem qualquer amolgadela. No entanto, fica para trás um "pinoco" destroçado, despojado do lugar altivo que tinha conquistado, e que só por curiosidade, foi pago com dinheiro de todos. Pequenos pormenores, até porque a culpa não é do indivíduo, nem da sociedade, a culpa é de quem escolheu o feitio do "pinoco", que mais tarde, ou mais cedo será reposto, à custa do nosso dinheiro mais uma vez.

Se optarem por um pinoco de estilo fálico, como os que existem na rua Direita, na Covilhã, ou mesmo os antigos pinocos da rua D. Duarte, em Viseu, ou os que existem junto à Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu é óbvio que estão a desafiar os automobilistas. Os senhores automobilistas, vítimas da sociedade, encaram as peças de arte como um autêntico jogo de bowling. Ganha quem mais pinocos derrubar. E diga-se, a bem da verdade, que o gosto pelo jogo ainda não é prioibido em Portugal.

No entanto, há más notícias. Os automobilistas que insistirem em estacionar na rua D. Duarte, em Viseu, poderão enfrentar novas dificuldades. É que os pinocos de estilo fálico foram substituídos por uns "polidos" e - para que todos possam ver a imagem correcta - capacetes dourados, implantados com uma curta distância entre eles. Pelo menos acaba-se a semelhança com o bowling. Estão a salvo os "pinocos", enquanto não se descobrir um outro jogo qualquer. É que, normalmente, os automobilistas portugueses têm muita imaginação, basta avaliar as acrobacias que costumam fazer na estrada.

4 comentários:

MMiranda disse...

Muito pertinente, caro António Ferreira. Podemos até lançar uma discussão sobre o árduo processo da escolha dos pinocos, como por exemplo, qual o cargo do indivíduo que escolhe os pinocos?

Anónimo disse...

Que tal umas fotos para se ter a noção das diferentes formas de "pinocar" (entenda-se...pôr pinocos)?

MMiranda disse...

Caro Anónimo:

Terei de tratar desse pormenor. Talvez em próximos posts possa fazer uma exposição fotográfica dos pinocos em questão.

Anónimo disse...

diz-se que Viriato encontrou um pinoco mágico e disse

"abre-te cogumelo!"

ao que lhe saiu o euromilhões

(depois guardou tudo debaixo do colchão antes que os 40 coveiros o apanhassem)